domingo, 30 de outubro de 2011

A volta para a terra Natal

O Grupo Anjo Amigo, nesta ultima semana de Outubro, realizou um trabalho totalmente diferente dos anteriores, realizando o desejo de um homem que há muito tempo, na tentativa de conseguir emprego, saiu de sua terra Natal em direção a cidade de Canoas e acabou desempregado e tendo que morar na rua.
Um dos integrantes do GAA, ao passar próximo de uma praça foi abordado por um senhor chamado Sadi Antonio Claus, que humildemente pediu sua atenção. De pronto o integrante do GAA parou para ouvi-ló, e ali se inicio uma conversa que viria a se tornar uma das mais emocionantes missões do Grupo Anjo Amigo.
O senhor Sadi relatou que morava na cidade de Caiçara (700 km de POA), e que por motivos de trabalho, saíra de sua terra natal em busca de oportunidades de emprego. Segundo ele, faz 9 anos que se encontra na cidade de Canoas e há muito tempo esta morando nas ruas, mais precisamente em uma pracinha no Bairro Guajuvíras.





Com 52 anos, o senhor Sadi sofreu muito durante este período que viveu nas ruas e o seu desejo é o de poder voltar para a sua terra, rever os familiares e voltar a trabalhar nos campos de plantação, como fez sua vida toda antes de vir para Canoas.
Ao saber disso, o integrante do GAA informou todo o Grupo Anjo Amigo e uma mobilização foi feita para realizar o desejo do senhor Sadi de retornar à sua terra.
Ligamos para a rodoviária de Porto Alegre e ficamos sabendo do preço e do horário que havia ônibus para Caiçara e com estas informações, conversamos e combinamos com o Senhor Sadi, que o levaríamos de volta a sua terra.

No horário indicado, fomos até o local e lá estava o senhor Sadi em nosso aguardo muito contente e feliz. Conversamos um pouco com ele e o levamos para a casa de um integrante do Grupo Anjo Amigo onde ele pode tomar um banho e vestir roupas limpas e logo após tomar um café reforçado para encarar a viagem de 8 horas durante a noite até Caiçara.
Depois do banho e com as roupas limpas, o senhor Sadi parecia outro homem.



E comeu com gosto o café que lhe foi dado enquanto nos contava um pouco de como era sua vida em Caiçara.





Após tomarmos café com o senhor Sadi, nos preparamos e fomos a Porto Alegre para comprarmos a passagem de ônibus para Caiçara.
Chegamos à Rodoviária por volta das 21h30min e compramos a passagem, com saída do ônibus às 22h45min.
Nos dirigimos até o Box de saída do Ônibus e lá ficamos junto com o senhor Sadi até o embarque.
Quanto mais o horário se aproximava, mais nervoso e feliz ficava o senhor Sadi, até que a hora tão esperada chegou e ele pode embarcar.

Antes de subir ao ônibus, recebemos um abraço forte e emocionado do senhor Sadi, que não tinha palavras para explicar a felicidade que o enchia por dentro pelo fato de poder voltar a sua terra depois de 9 anos e nos agradeceu muito nos dizendo que nunca mais esqueceria da gente e do apoio dado a ele.









Ficamos lá até que ônibus partisse.





Nós do Grupo Anjo Amigo ficamos muito felizes e emocionados por termos realizado o desejo do Senhor Sadi de voltar para casa após 9 anos. Desejamos a ele que a sua volta a Caiçara traga a ele todas as oportunidades de trabalho que ele não teve aqui, bem como a felicidade em rever seus amigos e principalmente sua família.

Que Deus abençoe o Senhor Sadi e a sua nova vida na cidade de Caiçara.




Grupo Anjo Amigo

quinta-feira, 18 de agosto de 2011

Sopão na Madrugada

No dia 13/08/2011 o Grupo Anjo Amigo realizou uma missão grandiosa, promovendo um Sopão e peregrinando durante toda a noite entre Canoas e Esteio distribuindo este nobre alimento a diversos desabrigados e moradores de rua.
Este maravilhoso trabalho teve início na parte da tarde onde os integrantes do GAA se reuniram e foram ao supermercado realizar a compra dos ingredientes do Sopão.
Para a compra dos ingredientes, tivemos a ajuda fundamental da mais nova integrante do Grupo Anjo Amigo, a senhora Jurema, que com toda a sua experiência nos ajudou na escolha e na compra dos ingredientes, bem como na preparação do Sopão.



Para o Sopão, compramos batata inglesa, milho, vagem, espinafre, cenoura, couve, brócolis, pimentão, moranga, chuchu, tempero verde, batata doce, coxas de frango e massa. Como acompanhamento, compramos 40 pães para serem distribuídos junto com a sopa.







Também compramos 20 litros de leite e chocolate em pó, e preparamos uma térmica de chocolate quente como complemento do Sopão.



Após a compra dos ingredientes, nos reunimos na casa de um dos integrantes do grupo e começamos os preparativos do Sopão.









Da mesma forma que a senhora Jurema, o Grupo Anjo Amigo a partir de agora passa a contar com mais um integrante, que também entrou já metendo a mão na massa, tanto no trabalho de preparação, quanto no trabalho de entrega do sopão durante a madrugada. Nós do GAA desejamos as boas vindas ao Anderson e que ele e a senhora Jurema estejam sempre juntos conosco em todas as missões do Grupo Anjo Amigo.



A preparação do Sopão foi algo muito agradável, pois todos os envolvidos sentiam-se em uma atmosfera de muita felicidade, sabendo que os esforços ali empregados eram para uma causa nobre.
Exatamente a 01h00min finalizamos a preparação do Sopão, que ficou espetacular. Seu cheiro delicioso impregnava todo o ambiente, despertando a fome em todos que ali se encontravam.







Antes de sairmos para a entrega do Sopão, os integrantes do GAA, fizeram uma pequena integração, onde experimentaram a sopa e aprovaram o resultado final.



Após a confraternização, todos nós organizamos o Sopão, juntamente com o chocolate quente e os pães dentro do carro e se dirigimos para as ruas atrás dos desabrigados cumprir nossa missão.
Nosso trabalho começou em Canoas onde fomos encontrando vários moradores de ruas à medida que andávamos pela cidade.
Logo no início nos deparamos com um senhor dormindo em uma parada, em frente ao HPS de Canoas. Paramos o carro e fomos até ele e lhe oferecemos a sopa juntamente com o chocolate quente. Percebemos que ele possuía algum tipo de problema mental e nos disse que estava somente de passagem por ali e que em breve estaria indo embora para junto de sua família.
Mais adiante, em frente ao mesmo hospital, uma senhora dormia em uma barraca improvisada e levamos até ela a sopa. Infelizmente, não conversamos com ela, pois a mesma se demonstrava brava e assustada. Deixamos à sopa, o pão e o chocolate quente próximos dela e fomos embora. Ao deixarmos o local, um dos integrantes do GAA, comentou já ter tido contato com ela, e o medo dessa senhora se da pelo fato dela já ter sido estuprada e agredida na rua.





Circulando pela cidade, encontramos um senhor catando comida em uma lixeira. Paramos próximo a ele oferecendo-o a sopa e prontamente o sorriso imperou no rosto daquele pobre homem que de imediato aceitou e comeu com gosto a única refeição do dia segundo ele.
Seu nome é Renato e conversamos muito com ele, onde nos foi revelado um pouco de sua vida e a vontade de mudar.





Durante a conversa com o senhor Renato, outro morador de rua apareceu e como muita alegria foi servido a ele sopa com pão e chocolate quente.



Continuando nossa missão, seguimos nosso rumo e paramos em uma passarela no centro de Canoas, onde servimos nosso Sopão a dois moradores de rua que se encontravam dormindo em baixo da passarela.



Um deles conversou com a gente, mostrando-se revoltado com a vida e o outro em virtude de estar drogado não conseguia conversar e delirava muito.



Prosseguindo nossa caminhada, paramos em frente ao correio no centro de Canoas, onde se encontrava dormindo outro morador de rua.



Fomos até ele e o encontramos dormindo. Tranquilamente, o chamamos até que ele despertou e começou a conversar, contado a sua história que nos chamou muito a atenção.



Com um sotaque castelhano, este senhor nos relatou que viveu durante muitos anos em Buenos Aires e que por motivos pessoais havia retornado a Porto Alegre e que sem emprego acabou por parar nas ruas.
Ele nos contou que a sua forma de ganhar a vida é através da música e a nosso pedido cantou algumas músicas de seu repertório, com instrumentos criados por ele mesmo.



Enquanto ele tocava suas musicas, alguns integrantes do GAA serviam à sopa e o chocolate quente para ele.



Ficamos emocionados com as músicas que ouvimos e percebemos que estávamos diante de um grande artista da música. Despedimos-nos dele, levando na memória as melodias que ao mesmo tempo refletiam a tristeza de sua vida atual com a esperança de um amanhã melhor.
Prosseguindo nossa jornada, ao passarmos por baixo do viaduto que liga a BR 116 com a Tabai, encontramos um senhor deitado em um buraco feito às margens da BR 116.



Caminhamos até ele levando a sopa e o chocolate quente e conversando ficamos sabendo que há 9 anos este senhor mora na rua e que segundo ele, ninguém de sua família se importa com a sua situação. Quando dito a ele que ele poderia mudar de vida, ele nos surpreendeu dizendo que já estava acostumado com este modo de viver e que não gostaria de mudar.



Além da sopa e do chocolate, entregamos a ele um agasalho e continuamos indo em frente desejando a proteção de Deus para aquele pobre homem.



Logo adiante, ainda na BR 116, estacionamos próximo a outro viaduto que segundo informações de um dos integrantes do GAA, alguns mendigos ali residiam. Vasculhamos o local e não encontramos ninguém, somente roupas usadas e vestígios de que alguém já havia morado ali.









Indo adiante e felizes por não termos encontrado moradores vivendo embaixo do viaduto, passamos em frente ao Hospital da Ulbra e lá avistamos uma senhora dormindo em frente a uma loja na calçada.



Tentamos conversar com ela, mas não conseguimos ter dialogo. Ela se mantinha em silêncio, demonstrando estar cansada, exausta e até um pouco desnorteada. Deixamos à sopa e o chocolate ao seu lado, juntamente com um agasalho e nos despedimos continuando nossa tarefa.





Rumamos em direção a Esteio e ao passarmos ao lado do viaduto da Expointer, enxergamos algo impressionante; ao lado do viaduto, em meio a muito lixo, havia 3 homens e 1 mulher deitados tentando dormir.



Imediatamente paramos o carro e caminhamos até eles estarrecidos com a cena que se apresentava a nossa frente. Rapidamente começamos a levar a sopa e o chocolate quente a todos.
Conversamos com cada um e ficamos sabendo das histórias tristes que acabaram conduzindo todos a pararem naquele lugar desumano.







Já eram 06h00min quando partimos rumo ao centro de Esteio e novamente paramos em outro viaduto onde se encontravam dois moradores de rua.
Um deles não quis conversar muito com a gente, mas aceito de bom grado a sopa e o chocolate quente, pois estava faminto.







O outro nos recebeu bem, demonstrando ser uma pessoa muito educada e nos contou que ali se encontrava depois que a casa dele havia pegado fogo, consumindo todos os móveis, roupas, documentos e inclusive seu pai perderá a vida neste incêndio.





Concluímos nossa missão ao passarmos pelo centro de Esteio e encontrarmos um morador de rua que vagava por ali.
Conversamos com ele e lhe demos chocolate quente e pão. Notamos que ele tinha algum problema em sua perna direita, pois mancava quando caminhava e também se demonstrava um pouco desnorteado.
Contou-nos que morava próximo dali e nos agradecendo partiu seguindo sua caminhada.



O trabalho realizado por nós do Grupo Anjo Amigo foi algo que ficará marcado na vida de todos que presenciarão as diferentes realidades naquela noite de sábado para domingo.
Humildemente rogamos a Deus que esteja junto daqueles moradores de rua, protegendo e iluminando a todos e que um milagre possa acontecer na vida de cada um, mudando o rumo de suas historias.

Que Deus abençoe a cada um deles.




Grupo Anjo Amigo